29/03/2018 - Krig-Há Bandolo

O Rafael Kenzo muitas vezes muda por completo e não muda em nada. É um padrão a falta de padrão, embora seja visível justamente esse padrão. Então se uma hora reclama-se que ele dorme demais, no dia seguinte reclama-se que ele não dorme. Noutro momento, reclama-se que ele caga demais, em sequência, às vezes consumindo fraldas de forma quase irresponsável sob o ponto de vista ecológico. Aí dias após, a reclamação é a de que ele não cagou, que a barriga tá inchada, e que tá rolando um tipo de prisão de ventre. Não cagar por 10 horas é prisão de ventre? Parece, se o padrão é de cagadas a cada 3 horas.

Mas no fundo é assim mesmo. Ele não tem exatamente um padrão, um ciclo certinho como desejado tão ardorosamente pela mãe. Ele simplesmente sente, segue as vontades e sensações. Se é pra cagar, caga. Se tem sono, dorme. Se não tá afim de dormir, não dorme. Encerrar a vida num ciclo exato de 24 horas não me parece uma coisa tão lógica. O ritmo biológico das pessoas pode variar, pode ser de 25, 27 ou 20 horas e nós em geral nos adaptamos por força da vida em sociedade. A luz do sol ajuda a regular, assim como a falta de luz à noite, mas nas cidades essa falta de luz não é tão real e bagunça tudo em nossa vida, especialmente se a pessoa é sensível a essas questões de luz para acertar o próprio ritmo.

Com a cagada é a mesma coisa. Comeu demais, vai cagar mais, comeu de menos caga menos. No caso do Rafael Kenzo não dá pra falar que a alimentação varia porque é sempre aquele porre de leite materno. Mas ele não sabe ainda que o mundo tem outros sabores, então tudo bem. Mas como a própria alimentação da fonte do leite (também conhecido como mãe) pode variar, isso às vezes causa reflexos no ritmo.

Encontrar o ritmo é difícil, porque não há o certo e o errado. E como existem mil e uma "escolas"  de criação de bebês ("os pais têm que impor um ritmo", "os pais devem deixar os bebês criarem o próprio ritmo", "os pais precisam ser sensíveis", "os pais devem ser rígidos e regrados"), é difícil saber se uma das alternativas é a correta. Isso é ainda mais difícil para a mãe, formada em exatas, binária, do que para o pai que é de humanas, sossegado e que enxerga múltiplas possibilidades no mundo. 

No fundo, o Rafael Kenzo talvez seja como o pai, que prefere (ou sonha) ser essa metamorfose ambulante.


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