05/05/2018 - O direito de... tossir

Uma das novelas de maior sucesso da TV brasileira foi "O direito de nascer", transmitida na Tupi na década de 60 e que tinha astros como Nathalia Thimberg, Amilton Fernandes, Rolando Boldrin, Isaura Bruno (o primeiro papel principal de uma artista negra), Marcos Plonka, Henrique Martins e um iniciante Luis Gustavo. 

O Brasil parou para ver essa novela, que era um baita de um dramalhão cubano. Na verdade, foi a primeira novela da TV que fez o país parar. Ali começava o país das novelas, o Brasil que parava tudo para ver Irmãos Coragem, Beto Rockefeller, Roque Santeiro, Vale Tudo, Avenida Brasil etc.

Pois se o Brasil parava por causa de "O direito de nascer", aqui a nossa casa para por causa de "O direito de tossir". Não é um dramalhão cubano, mas a tensão está no ar do mesmo jeito. O personagem principal é o pai, que convive com uma tosse chata há um mês. Na verdade, essa tosse já devia ter passado, mas uma recidiva bizarra, talvez motivada por uma vacina contra a gripe (é bom sempre tomar com o organismo zerado...) fez com que ela retornasse

A mãe é a guardiã do sono do astro Rafael Kenzo, cujo sono é perturbado pelos acessos de tosse do pai, gerando incrível angústia da mãe e enorme stress na silenciosa casa-mosteiro dos Nishizaki. Todo dia o capítulo é a mesma coisa: o pai não consegue se conter, a mãe reclama, Rafael acorda. O pai às vezes tenta segurar, mas isso só piora a novela, porque quando a tosse vem de novo, vem sem avisar e de um jeito ainda mais barulhento, causando uma fúria ainda maior da mãe porque o intervalo sem tosse fez o Rafael quase realmente dormir. Quase, porque a tosse sempre vem num momento inorportuno.

"O direito de tossir" não tem data para acabar. Infelizmente o pólo de dramaturgia desse nosso Big Brother Truman Show parece estar gostando do enredo e continua deixando a tosse rolar solta no peito do pai...


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